O ser humano é muito mais pontos de exclamação e
interrogação que ponto final.
Isto é, somos, na gramática de nosso comportamento, muito
mais ligados a emoções e questionamentos que a términos.
Não sabemos lidar com o fim. Não somos bons em romper, em
terminar algo, em encarar a morte. Não aceitamos o ponto final da vida.
Somos reis em acreditar na vírgula – acreditamos que a procrastinação
é a solução, que “dar um tempo” é aceitável e em vida após a morte. Não existe morte, e sim uma grande vírgula,
que separa as sentenças de Céu e Terra.
Desejamos que a Medicina jogue nosso ponto final lá para um
futuro distante, e nos irritamos quando ela “falha”. Não se pode mais morrer. Se morreu, foi culpa do médico. (WTF?)
Eu compreendo esse pavor a pontos finais. Tem tantos pontos de exclamações dentro de mim
que ainda precisam ser vividos, tantas interrogações aguardando por respostas,
que o ponto final parece cruel. Mas é
esse ponto final que nos dá a clareza do que é a vida.
A certeza do ponto final nos mostra o valor de cada dia. Sem
o ponto final, talvez não vivêssemos tantos pontos de exclamação!
“Se queres poder suportar a vida, estás disposto a aceitar a
morte”, disse Freud.
A finitude é a antítese de nosso narcisismo.
Aceite que tudo é finito. Em tudo terá um ponto final. Mas não
se deixe dominar por ele.
E, durante a vida, os pontos finais são possibilidades de
recomeço. Trabalho, namoros, férias e tratamentos dentários: tudo acaba, sendo
bom ou ruim.
Quando verdadeiramente aceitamos as pontuações inevitáveis
de nossa louca gramática vital, iremos escrever o mais belo texto: nossa vida!
Uma vez li em algum lugar algo muito interessante: A morte é só uma parte da vida. A parte final. Ninguém gosta de filmes, livros ou histórias que não tem um final verdadeiro e sim uma deixa para a continuação. Com a vida, não deve ser diferente.
ResponderExcluir"Quando verdadeiramente aceitamos as pontuações inevitáveis de nossa louca gramática vital, iremos escrever o mais belo texto: nossa vida!".
Muito bom Thaís. Parabéns pelo texto! (com exclamação)