terça-feira, 31 de março de 2015


É uma cilada, Bino!

10 roubadas que vivi em minhas viagens

1 – Não guardar moedas.

Lá estávamos nós, eu e meu marido, na charmosa cidade de Praga. Como a República Tcheca não faz parte do bloco do Euro, gastamos o máximo de coroas tchecas possível antes de embarcarmos no trem para Munique (Alemanha). Fomos bem sucedidos! Cada água, cada lembrancinha, tudo foi pago em cash! Mas uma hora antes do embarque, meu marido viu que havia sobrado umas poucas moedas em seu bolso, que não dava pra quase nada e pediu para que eu guardasse para dar para o meu irmãzinho, que gosta de moedas estrangeiras. Ok! Coloquei na minha carteira e nem pensei mais no assunto.

Até que veio a vontade de ir ao banheiro. Geeeente, mas era A vontade! Desesperadamente procurei um banheiro, bastante preocupada com o horário do nosso trem, que partiria dali alguns minutos.
Encontrei o banheiro. Ufa! Entrei e: WTF? Tinha que pagar para usar! Uma catraca me separava das cabines do banheiro, e o suor já escorria na testa. Tinha que colocar moedas na catraca. Moedas.... malditas moedas! Mas eu as tinha, então, sem problemas, certo?
Nada certo! Minhas coroas tchecas estavam misturadas com moedinhas de reais, e quando finalmente separei todas as coroas e comecei a contar, vi que só tinha moedas de baixo valor. Observando meu desespero, uma senhora responsável pela limpeza do local passou um cartão (mágico! rsrs) na catraca e permitiu minha entrada, pegando minhas poucas moedinhas que nem eram o suficiente.

Subi naquele trem sem nenhuma coroa tcheca, mas com minha dignidade preservada!
Moral da história: tenha consigo dinheiro na moeda local até o último minuto!

2 – Hotel que mudou de lugar...
... mas que não alterou o endereço e nem as fotos no site!

Isso foi no Uruguai, em Punta Del Este.
Reservei o Hotel Alhambra pela internet, para a família inteira se hospedar. Olhei as fotos e era um ótimo hotel, com um preço bem baratinho. Pegamos o carro e fomos em direção ao Uruguai. Chegando no endereço da reserva, o hotel das fotos estava lá, mas com outro nome na fachada. Após pedir informação, descobrimos que o Hotel Alhambra deixou de ser ali e se mudou para o centro de Punta Del Este. Todas as reservas no nome do hotel estavam salvas, mas em outro local. Nos dirigimos até esse novo lugar e encontramos o prédio.

Essa parte é até difícil de descrever... não sei se uso a palavra “decepção”, ou “raiva”, ou “desespero”. Na dúvida, deixo aqui uma expressão que passou pela cabeça de todos nós: Mas que MERDA é essa???
O hotel era velho, sujo e apertado. Mas como era tarde e ficaríamos apenas uma noite, não tivemos outra opção.
Mas depois deixei isso bem claro em todas as redes sociais e de avaliações, claro. Nunca se hospedem no Hotel Alhambra! Nunca!

3 – Comprar conchas-do-mar baratinhas

Amo aquelas mega conchas do mar, assim como estrelas do mar. Amo! E na minha lista do que fazer na Rep. Dominicana estava “comprar uma concha”.
Em Punta Cana era muito caro e saímos de lá sem nenhuma. Depois nos dirigimos para uma vila de pescadores, Bayahibe, onde tudo era baratinho, menos as conchas. Porém, voilà!!! Encontramos uma tenda cujo um cara vendia duas por um preço bem abaixo do que custava uma em Punta Cana. Feliz da vida, achando que era “queima de estoque / outlet / o patrão tá louco”, comprei duas e guardei no porta-malas do carro, numa sacola, em cima das malas.

Dali, fomos para a capital Santo Domingo, onde passamos 3 dias sem tirar o carro de dentro do estacionamento, já que o hotel era bem localizado.
Após o checkout, o manobrista veio com o carro, nos explicando que abriu todos os vidros por causa do “cheirinho”. Nós: “Cheirinho? Que cheirinho?” – Entramos no carro – “Creeeedooo!!!”
Pensa num fedor. Agora multiplica! Pois é.
O sujeito que nos vendeu as conchas não havia feito o procedimento correto de limpar totalmente as conchas e deixá-las secar por dias, até não sobrar mais nada marinho nela, só o seu “esqueleto”.

O fedor era tanto que quase que tivemos que jogar as malas fora! Por sorte o hotel abriu uma exceção para nós e deu um jeito de limpar nossas malas até elas ficarem cheirosinhas de novo. E também deram fim naquelas malditas conchas para nós. Sim, malditas! O amor acabou.

4 – Ser simpática com homens ingleses

Nos ensinam que sorrir abre portas e que é nosso melhor cartão de visitas. A simpatia traz benefícios. Não é?? Bem, é verdade. Mas não aplique essa regra com homens britânicos em suas viagens fora do Reino Unido.

Cena 1: Eu e meu marido sentados sozinho numa mesa do Hard Rock Café de Munique.
Cena 2: meu marido, após muitas canecas de chopp, vai ao banheiro.
Cena 3: Uns cinco homens sentados na nossa mesa.

Como isso aconteceu? Com uma simples resposta simpática à pergunta “Where are you from?”
Lá estava eu, sozinha, bebendo meu chopp e esperando meu marido voltar pra mesa, quando de repente um britânico sai da mesa da frente, vem até a minha e me pergunta de onde eu sou. Respondo que sou do Brasil. Ele continua puxando conversa, com perguntas bem básicas de um turista conhecendo outro. Mas, depois de 4 ou 5 perguntas, ele chama os amigos da mesa dele e convida todos a sentarem ali, junto comigo!!! O papo foi ficando estranho, um pouco desrespeitoso, e fui sorrindo cada vez menos.
Meu marido chegou, sentou ao meu lado, mas os intrometidos não se retiravam. O final da história vocês já sabem, né?! Quem se retirou fomos nós.

De volta ao Brasil, uma amiga minha me explicou: homens ingleses viajam em grupos de amigos para “pegar mulher” por aí. Coloque álcool na fórmula e o incomodo é garantido.

5 – Um pequeno restaurante em Frankfurt

Reservei online um restaurante bom-bonito-(e relativamente)barato em Frankfut.
Chegando lá, descobri que a reserva havia sido cancelada, pois outra pessoa reservou o restaurante inteiro para uma festa particular. Sem nos deixar abater, eu e meu marido seguimos pela ruazinha atrás de outro lugar para jantar. Até que vimos um pequeno restaurante, com a fachada toda de vidro, com um ar moderno e casual.
“Não pode ser caro”, pensamos. Entramos sem nem pedir para olhar o cardápio e já fomos sentando numa mesinha quase encostada na do coleguinha ao lado. Era tudo apertado, não tinha como ser um restaurante caro – pensamos novamente.

Pois é, meu povo! Só que esse restaurante ficava bem em frente a Casa do Goethe!!!
Sim, era caríssimo! E a fachada de vidro servia para as pessoas contemplarem o show de luzes que acontecia na casa do famoso escritor.

E nós, bem jecas, quando o garçom perguntou se queríamos uma taça de champagne antes de escolher a comida, aceitamos, pois aqui no Brasil chamamos qualquer espumante barato de champagne! Mas era champagne mesmo, o próprio, lá da França. E pior: repetimos. Caro, caro, caro...
Para nosso contento, a comida era excelente. Se você tiver grana para gastar em Frankfurt, eu recomendo o restaurante Riz (o risoto de dourado estava espetacular). Caso contrário, nem pense em sentar naquelas mesinhas!!

6 – A importância de um CEP.

Hotel em Zurique, rua tal, número tal. Não tem erro.
Teve!

O GPS perguntou a cidade, digitamos Zurique. Pediu o endereço e nós colocamos. Detalhe: já era quase meia-noite.
Fomos até o local e encontramos apenas um prédio residencial. E foi ali que começou nossa saga telefônica! Ligamos sei lá quantas vezes para a Decolar, que foi a empresa na qual realizamos a reserva, e nada! Sério, eu realmente perdi as contas de quantas ligações foram feitas, e ninguém conseguia resolver nosso problema. Até que, finalmente, alguém nos passou um contato do hotel. Ligamos e era o porteiro. A recepção do hotel já tinha fechado, mas ele iria até lá para nos receber. E finalmente nos explicou: Tinha uma outra rua com o mesmo nome, mas em outro CEP de Zurique!! Eu e meu marido, que somos de cidade pequena, nem imaginávamos que poderia ter duas ruas com o mesmo nome na mesma cidade. O porteiro nos passou o CEP e finalmente conseguimos chegar ao hotel, às 2 horas da madrugada!

Como tivemos que sair bem cedo na manhã seguinte, em direção à Colmar (França), saí com cara de sono em todas as fotos! :/

7 – O trânsito da Rep. Dominicana

Eu e meu marido adoramos alugar um carro nas nossas viagens. Isso nos dá maior liberdade e controle das nossas andanças pelo mundo. Mas não quer dizer que sempre é fácil!

Quero deixar uma coisa bem clara: o trânsito da Rep. Dominicana é caótico. Ca-ó-ti-co!!!
Sabe aquelas imagens que vemos do trânsito lá na Índia? Pois é! É aquilo lá, mas sem as vacas.
A loucura é tanta que vi até gente dando ré de uma rua à outra, atravessando um enorme cruzamento movimentado no meio delas. Não sei como ninguém bateu!
Aliás, mesmo presenciando cenas absurdas naquele trânsito, não vi nenhum acidente. É como se tudo já fosse orquestrado. Um carro passa pelo outro, que está dando ré em um local proibido, com apenas alguns centímetros de distância, sem bater um no outro, como num filme tosco de ação (alô Carga Explosiva!!!).

Em Santo Domingo a maioria das ruas não tem plaquinhas com seus respectivos nomes. Ainda bem que estávamos com GPS. Maaasssss, claro, ele parou de funcionar em determinado ponto da viagem! Obrigada, Avis – sqn.

Aliás, deixa eu reclamar aqui: a Avis foi extremamente grosseira com a gente quando ligamos para resolver o problema do GPS. Pronto, fofoca feita!
(Confesso que o objetivo principal desse item 7 era falar mal da Avis).

8 – Ir à Punta Del Este sem falar nada de espanhol.

Por favor, aprenda ao menos os nomes das comidas e dos pratos principais!
Na mesma viagem do Hotel Alhambra (que mudou de endereço e padrão), eu e minha família fomos almoçar em um restaurante à beira mar, com mesas disputadas. Não me recordo agora o nome do restaurante, infelizmente.

Eu, que não comia carne de mamíferos, já sabia bem o que pedir: pollo (frango) ou pescado (peixe, como o nome sugere). Para mim estava tudo certo.
Mas, tendo na mesa uma criança de 9 anos, sobremesa era um item importantíssimo. E na mesa ao lado da nossa, foi servido a um casal um belo prato de sobremesa, que até eu, que não como doce, achei apetitoso.
O problema era explicar para a garçonete que queríamos um daquele, sendo que quando ela chegou a nossa mesa, o casal já havia ido embora.

O que nós tentamos dizer: “Queremos a mesma sobremesa que o casal que estava sentado na mesa ao lado estava comendo”.
O que veio: uma porção de queijo provolone!!!
Foi o que a garçonete entendeu!! Kkkkkkkkkk

Final da história: compramos um picolé para o menino!

9 – Ô malandragem, dá um tempo!

Rio de Janeiro, cidade maravilhosa. Mas também cidade da malandragem.
A expressão “Bino, é um cilada!” deve ser bastante usada por lá!
A dica aqui é não usar o porta-malas do táxi. Ou usar o mínimo possível.

Estávamos em 4 pessoas no aeroporto e pegamos um táxi. Colocamos as duas malas no porta-malas e o taxista, super simpático, insistiu que colocássemos nossas mochilas também. Falamos que não era necessário, mas ele nos convenceu. Ao entrar no táxi, vimos um adesivo no vidro, colado apenas para o lado de dentro, que dizia os valores a serem pagos por cada tipo de bagagem colocada no porta-malas. Baita sacanagem!

Chegando ao hotel, uma taxa surpresa de 10%, sendo que nossa reserva já cobria todas as taxas e já estava paga.

A malandragem continuou no restaurante que fomos para comemorar o aniversário de 2 amigos da turma. Cervejas cobradas por fora, que o gerente “esqueceu de cobrar no cartão de crédito”. Pagamos e só depois nos demos conta que o dono do restaurante provavelmente nunca veria a cor daquele dinheiro!

A vontade é cantarolar “Malandragem dá um tempo, deixa essa pá de sujeira ir embora!” sem parar...

10 – Use filtro solar

Pedro Bial estava certo em todas as formaturas que fui: use filtro solar!
Nesse assunto, acho que todo mundo tem uma história para contar, né?! Quem nunca se deu mal por abrir mão do protetor solar??
Com o meu marido, Diego, não foi diferente! Em Punta Cana ele teve preguiça de colocar protetor solar e se queimou muito. Nada que estragasse o passeio caso ele continuasse passando bastante filtro após disso.
Só que depois, teve um agravante: nós não podíamos usar filtro solar antes de visitar as piscinas naturais da Isla Saona.
Para proteger as estrelas-do-mar gigantes de lá e as demais formas de vida do local, nenhum turista pode pôr filtro solar antes do passeio, só depois de já ter mergulhado nas piscinas naturais e estar em direção à terra firme.

Imagina só! O cara já estava queimado e ainda teve que ir para o sol, com a pele vermelha, para pegar ainda mais sol. Ficou lindo de cosplay de camarão!!!

Bônus:

Passei muito mal em Machu Picchu e meu marido conseguiu encontrar um médico brasileiro no meio daqueles turistas todos. Sei lá o que aconteceu direito, só sei que tomei um remédio e dormi no trem. Ao acordar, bem zonza, começo a falar em espanhol com o médico brasileiro. Mesmo ele me respondendo em português e meu marido me avisando que ele era brasileiro e que eu podia falar em português, eu continuava falando apenas em espanhol.
Não sei que remédio era aquele, só sei que me deixou muito mais louca que o chá de coca!!!


Moral da história: aceite pílulas de estranhos, sim!!!
Meu comportamento imediatista não reflete meu comportamento de longo prazo. Minha aparente calma nunca reflete minha ânsia de vida, meus exageros de desejos e meus projetos extravagantes.
Creio que todo mundo é assim. Aquilo que vemos é diferente daquilo que somos lá nas profundezas.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Anima + Animus (ou porque não comemoro o Dia dos Homens e o Dia das Mulheres)



"Anima, Jung o classificou de face interna nos homens e o Animus de face interna nas mulheres. Sendo assim, o Anima constitui o lado feminino da psique masculina, e o Animus constitui o lado masculino da psique feminina. Cada homem tem uma mulher dentro de si, assim como cada mulher tem um homem dentro de si. Desta forma, durante muitas gerações o homem desenvolveu seu arquétipo Anima pelo relacionamento continuado com as mulheres e vice-versa"(Revista Psique - Editora Escala).

Começo esse texto falando de Carl Jung para ilustrar o foco dessa postagem: nossa sexualidade não é tão definida quanto o senso comum faz parecer. Cada um de nós tem o masculino e o feminino dentro de si, independente de ter nascido menino ou menina. 

Deixe-me explicar, de forma breve (eu juro): Começa no útero, onde todo feto tem estrutura feminina até a liberação de hormônios, que já está geneticamente programado, para torná-lo masculino, quando é o caso (por isso homens tem mamilos). Assim, o XX ou XY é só uma programação para uma mesma estrutura, como o software está para o hardware. 
Vale lembrar que toda mulher tem testosterona dentro de si, e todo homem tem prolactina, mesmo sem nunca precisar amamentar (só um exemplo básico, dentro da complexidade hormonal que somos). 

Nossa sexualidade não é dual, mas sim um leque. Como se nos extremos estivessem o "machão" que em nenhum momento consegue se colocar no lugar do outro (sexo), isso é, não consegue entrar em contato com o seu lado feminino. No outro extremo, a "fêmea" que cumpre o esteriótipo de mulher (que eu chamo ofensivamente de 'mulherzinha'). Quanto mais ao centro, mais equilíbrio. Assim, podemos ser um ser completo, pois faz parte do humano as duas coisas. Pois isso não existe duas partes da laranja, tampa pra panela, ou sei lá o que mais - podemos ser inteiros! Não precisamos ser completos no outro, pois podemos (e devemos) ser completos em nós mesmo. 
Assim, ser uma mulher masculina, não fere o meu lado feminino!

Temos ambos os sexos dentro de nós, até porque ter a imagem mental de um homem quando se é mulher só é possível quando formamos um conceito de homem dentro de nós, e vice-versa. Isto é, quando um menino convive com sua mãe e internaliza a ideia de mulher, ele não está apenas compreendendo o "universo feminino"*, mas também preenchendo o seu próprio pedaço feminino, sua psique sexual, completando seu leque. 
Toda relação fica mais rica quando temos em nós uma psique que compreende os dois lados a ponto de entender que não são dois lados. 

Aquele cara que trata uma mulher como um "amigo da galera" sabe bem o que é ter um leque dentro de si. Aquela mulher que não acha que "todo homem é igual" também. 

Somos aos mesmo tempo feminino e masculino, anima e animus. testosterona e estrógeno. Fechar esse leque é perder a oportunidade de conhecer a si mesmo, de não ter empatia com o outro e não curtir a plenitude existente dentro de nós. 

Por isso não comemoro o Dia das Mulheres ou o Dia dos Homens (que no caso é hoje). Vejo como um engessamento do nosso ser, do nosso leque. 
O Dia Internacional das Mulheres se deu por causa de uma tragédia misógina. O Dia do Homem parece que veio só como resposta ao dia das mulheres, para ter um dia também. E vejo essas duas datas serem usadas muito mais para ofender os "dois lados" que para refletir. 
Se um dia usarmos essas datas para uma profunda reflexão, talvez eu também comemore. Mas, hoje, o que eu digo é: não há o que parabenizar. 

E é isso! Feliz 365 dias de plenitude humana para vocês! :)

PS: Garota, você sabia que seu clitóris é igual um pênis, só que pequeno e totalmente interno?
PS2: Garoto, você sabia que vocês liberam bastante ocitocina também (o "hormônio do amor", que une casais e faz com que dê aquela baita vontade de casar)?
PS3: Eu poderia fazer mais um monte de PSs, porque tem muitas curiosidades legais sobre sexualidade humana! Pesquisem!


* Garotas, eu também detesto essa expressão, ok!?!

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Somos todos macacos


"Somos todos macacos", disse o jogador Neymar, fazendo coro aos protestos contra o racismo no futebol. Eu diria mais: esse movimento é contra o racismo e ponto, no futebol ou fora dele.
Mas me chama atenção o objeto favorito dos racistas para arremessar ao campo: uma banana!!!
Pois bem! Então... o que dizer? É irônico demais!
Começarei o papo parabenizando a atitude do jogador Daniel Alves que, ao ser vítima de racismo em um jogo nesse domingo (27/04/2014), ele comeu a banana antes de bater o escanteio. Atitude irônica que deixa claro uma questão importante: banana é alimento - para homens, macacos, bodes, etc... Ora, se comemos banana, logo, ela não deveria ser um símbolo ofensivo, mas no contexto simbólico da humanidade, ela é. E se tornou isso por uma ignorância nossa que insiste em existir ainda no século 21: a nossa falta de noção evolutiva.
Quando Neymar diz "Somos todos macacos" e quando o jogador Daniel Alves come a banana que lhe foi jogada, fica clara uma mensagem importantíssima: somos todos primatas!
Claro que para um evolucionista, a frase 'somos todos macacos' está incorreta. Não somos macacos, mas evoluímos de um mesmo ancestral em comum. Mas a principio, somos todos primatas e dividimos cerca de 90% dos genes com nossos "primos" chimpanzés.
E mesmo assim, o que há de ofensivo em ser macaco? Esses são animais muito dignos! (se há algum ser vivo na Terra que seja indigno, eu diria que são os mosquitos, moscas e baratas).
Mas vamos pegar uma linha diferente de pensamento: o homo sapiens não é o topo da evolução.
Repito: o homo sapiens não é o topo da evolução.
Acreditar que somos o auge de um processo evolutivo é contar a nossa versão da história, que é parcial. É como ler a história da humanidade somente pela versão europeia (alô "descobrimento" do Brasil!).
Nós, na verdade, somos uma linha evolutiva, sem "bom" ou "mal, "melhor" ou "pior". Essas noções qualitativas não fazem sentido para a Natureza.
E até mesmo na ala humana da evolução, não somos homo sapiens "puros". Pesquisas recentes comprovam que somos os vira-latas da evolução. Somos a mistura entre, no mínimo, 3 tipos de hominídeos: sapiens, neandertais e denisovanos.
Sabe o cão "de raça" e o vira-lata? Somos o vira-lata!
Éramos apenas hominídeos promíscuos se misturando por aí. Ser branco ou negro só demostrava quanta melanina precisávamos para viver naquela determinada região do planeta. Porém, a história da humanidade produziu o racismo. Que nada mais é que o não-reconhecimento de que somos todos farinha do mesmo saco! Ignorância histórica e social.
Se estudássemos mais a história do universo, como a poeira estrelar nos formou, como saímos dos mares e rastejamos pelas terras até criarmos pernas, como nos equilibramos sobre estas duas pernas e quanto o universo é indiferente em relação a nossa presença, entenderíamos o quão insignificante é a cor da nossa pele.
Como o jogador de futebol Tinga comentou, o racismo é fruto da falta de educação de qualidade. Concordo plenamente!
Parabéns, ao Tinga, Neymar, Daniel Alves e todos os que se engajaram nessa campanha contra o racismo.
E que que essa campanha leve o debate à ação, provocando reais mudanças sociais.

Bóra comer uma banana?!
Abraços a todos!

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O que eu gostaria de dizer a elas se eu tivesse tido a oportunidade...


Lendo as notícias das garotas que se mataram por causa das imagens íntimas que foram espalhadas na internet, me bate uma tristeza... Li também a respeito de outras garotas que afirmam ter suas vidas destruídas porque um babaca de um ex resolveu divulgar imagens que visam prejudicá-las. Mas as meninas de 16 e 17 anos que se mataram, me afetou muito...

Eu gostaria de dizer a elas, se eu tivesse tido essa oportunidade, seria “Espere”.

Espere, tudo vai passar.
Espere você crescer mais um pouco, sair desse inferno emocional que é a adolescência.
Espere um pouco mais, e vá ver uma Playboy – o que mais tem é mulher nua achando isso o máximo!
Espere até domingo, para ver as dançarinas semi-nuas na TV.
Espere mais um pouco e assista também aquele programinha que passa um monte de garotas correndo atrás da fama usando apenas seus corpos para isso.
Espere o carnaval.
Espere até conhecer melhor seu corpo e perceber que não tem nada de vergonhoso para ser escondido.
Espere e verás que todo mundo faz sexo.  Sim, até padres!
Espere e leia um bom livro do Nelson Rodrigues.
Espere até você ter um relacionamento por anos e anos.
Espere até você decidir terminar esse relacionamento de anos e anos e curtir a “solterice” – as coisas acontecem após um divórcio!
Espere e verás que perderás toda a vergonha. A idade nos mostra que vergonha é culpa.
Espere e verás também que culpa é uma grande besteira – tudo o que vivemos foi uma opção disponível e atraente naquele momento, então, para que ter culpa?
Espere e verás que as mulheres são alvo constantes de ataques moralistas e, por isso, devemos nadar contra a maré e mostrar que nós é que decidimos nossas vidas!
Espere, pois verás até o papa se retratando e dizendo que sexo só por vontade é, sim, algo divino.
Espere e perceberás que as pessoas que mais atacam, são as mais inseguras.
Espere e divirta-se com os momentos que virão.
Espere e faça um caminho livre para si mesma.
E depois de tanta espera, você verá que não precisa esperar mais nada: é só fazer acontecer AGORA!

Mas eu não tive a oportunidade de dizer isso a elas.
Bem... que fique aqui o recado para as próximas meninas que passarão por isso.

Não, eu não acredito que isso vá parar, infelizmente. Acredito que ainda terão um monte de fotos e vídeos divulgando a intimidade de alguém. A ignorância humana não tem fim.

Para quem não leu: http://noticias.terra.com.br/brasil/policia/rs-adolescente-comete-suicidio-apos-ter-fotos-intimas-divulgadas-na-web,1b975df8bd472410VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html

quarta-feira, 18 de setembro de 2013



Hoje falarei sobre SEXO. Assim, com destaque mesmo. SEXO!
Não para explicar, mas sim para questionar!
Questionar pois não estou entendendo o que vejo nos noticiários, ouço de algumas pessoas, leio nos blogs. Falam em “curso de sexo oral”, a parcela de culpa da mulher no estupro (afff), homens achando que as atrizes de filmes pornô realmente estão gozando, pentelhos da atriz global que posou nua e 10, 20 ou 1000 “maneiras de enlouquecer seu homem na cama”!
Tudo assim, fácil!
Minha questão é: Em que momento nos perdemos tanto da naturalidade da relação sexual?
Em que momento paramos de descobrir o corpo do outro, que está ali, é real, para ir ler uma revista Nova ou um site qualquer sobre sexo?
Quando foi que o tipo de depilação feminina foi decidida em sociedade? Eu não estava presente na votação.
Qual momento o cheiro, o gosto, o som, o toque do outro deixou de ser o nosso norteador na hora do sexo?
Quando que estupro passou a ser apenas uma relação de “desejo sexual unilateral” e não mais um ato sádico, cruel, em que o sofrimento do outro faz parte da ação desejada?
Quando foi que distribuímos o “papel de homem” e “papel de mulher” na cama?
Quando foi que desaprendemos a fazer sexo?
Sexo é natural, minha gente! Sexo é pessoal. Cada relação sexual com uma pessoa diferente, é uma nova combinação, novos gostos, novas experiência! E até mesmo com a mesma pessoa -  vamos descobrindo coisas novas com o tempo, modificando maneiras de tocar o outro, percebendo novas reações. Porque cada um é único, e mesmo assim, ninguém se mantém igual sempre. 
Acho insana essa busca por padrões, aulas e moralismos sobre o sexo.
Talvez essa loucura toda comece na infância, quando nos criam cheios de tabus. Nos ensinam o que é certo ou errado no “coito” – geralmente, só o que é errado – e nos fazem acreditar que tudo é pecado. Quando tentamos quebrar essas barreiras mentais e descobrir o sexo, nos vemos diante de um arsenal de informações prontas e acabadas.
A religião e sua mania de castidade também estraga tudo.

O pecado da masturbação é o delírio mais comumente divulgado para os adolescentes.
A separação entre mente e corpo, que nossos queridos filósofos pós socráticos fizeram o desserviço em fazer, também atrapalha demais na descoberta da nossa sexualidade.
Conectar mente e corpo não é uma escolha, é fato! E se o cara ta estressado, broxa mesmo!
Ter consciência de seu próprio corpo, de seus prazeres e desprazeres, é o primeiro passo. O segundo é ter real curiosidade sobre o corpo do outro; descobri-lo e apreciá-lo. Querer saber de si e do outro, faz o sexo mais espontâneo e, consequentemente, mais prazeroso.
Ah, Thaís, mas então uma dica da revista Nova nunca é bem vinda??
Ok, pode ser! Talvez acelere muito a nossa “boa nota” no ato, que também é acelerado  – às vezes temos que mostrar tudo que sabemos em uma noite apenas, pois é tudo que durará essa relação.
Mesmo assim, a questão maior não é essa!
Minha questão é em que a sexualidade humana está sendo muito ditada socialmente. E essa ditadura do ato sexual pouco ou nada tem a ver com uma RELAÇÃO sexual de verdade. Tanto que a expressão “fazer amor” virou algo brega! Porque se relacionar de verdade consigo e com o outro está fora de cogitação. Descobrir a si mesmo e ao outro com naturalidade, caiu em desuso. Tudo já vem pronto, é só aprender as regras. Afff!
Tem um vídeo muito legal sobre a diferença entre o sexo real e os filmes pornô (para ler em português é só acionar as legendas).

Sexo do bom não tem revista ou site no meio. Sexo do bom tem duas pessoas – ou mais, vai saber! – que sabem o que querem.
Ficar discutindo hétero ou homo, dar na primeira ou depois, papai e mamãe ou de quatro, lambe ou arranha, com pentelhos ou sem, com amor ou não, é tão retrogrado!!! Tão absurdamente retrogrado e desconectado com a nossa natureza humana carnal.
Ou não?
O que vocês acham?

Cada um é de nós é um universo, como dizia Raul. Então cada um terá uma visão sobre o assunto. Sem problemas! Só peço que a ideia seja sua, não uma cópia esdrúxula de ideias vendidas por aí.


quarta-feira, 14 de agosto de 2013




Hell’s Bar

Satã entrou no bar Cittie Of Yorke segurando Hitler pela mão.
 - Por que este homem tem um furo na cabeça? – perguntou Nietzsche.
Satã e Hitler sentaram-se na mesma mesa de Nietzsche.
- Vocês e seus bigodes engraçados! – exclamou Satã, e continuou – Eu decido quem fica com quem aqui no Inferno, ou quem ficará sozinho pela eternidade.  Mas o inferno são os outros. Estou embutindo essa idéia na mente de um sujeito que um dia virá pra cá também.
- Mas por que estamos aqui, em Londres, senhor? – perguntou Hitler.
- Você sempre querendo que os outros que dêem respostas prontas, hein Hitler? Tudo bem, irei lhe explicar rapidamente. O inferno é diferente para cada caso. O inferno de vocês é Londres. Nietzsche irá sofrer muito com o tempo frio e único daqui. A doença do corpo não desaparece da alma quando se vem aqui para o Inferno. Seus dias serão bem diferentes daqueles em Turim! E você, Hitler, irá assistir a enorme mistura étnica que Londres promoverá. E serás obrigado a morar no país que sempre vence as guerras contra o seu. Você acompanhará de perto o crescimento de juventudes multirraciais e você, Nietzsche, a futilidade nas conversas futuras nesse pub.
- Pub?
- Bar, Nietzsche, bar! – respondeu Satã com voz impaciente e expressão raivosa. E continuou – O inferno maior será a companhia um do outro. Nietzsche, você sofrerá ouvindo as idéias de Hitler por toda a eternidade, um cristão xenofóbico, racista, que ama ser idolatrado.  Hitler, você sofrerá por toda a eternidade por jamais ser idolatrado por Nietzsche, que nunca se submeterá. Ouvirás as idéias dele e já posso até imaginar o quanto lhe causará desconforto!
Satã soltou uma gargalhada estridente e ensurdecedora. Ninguém do bar mostrou reação além dos outros dois ali na mesa.
- Eles não nos escutam. São humanos vivos, não podem nos ver nem ouvir. – explicou Nietzsche para o recém-chegado. E virando-se para Satã, perguntou – Wagner também tinha idéias dessa mesma natureza. Por que não o trouxeste, Satã?
- Para você, Senhor Satã! Eu sei que você gosta da ópera de Wagner. Não tente me enganar, fracote! Se continuares a me questionar sobre minhas escolhas, lhe mandarei para junto do Papa Leão XIII.
- Se mostras ainda mais fracote, então, Satã, por dirigir-se a mim com ameaças!
- Não, por favor, não sejas idiota, Nietzsche! Não discuta com o Senhor Satã! – suplicou Hitler – Ninguém mais lhe importunará, Senhor!
- Ora, Hitler! Aqui você não manda mais em nada! E bajulá-lo não lhe trará benefícios, seu tonto. Estamos no Inferno! – respondeu Nietzsche.
- Olha só quem fala – o ex-líder alemão diz – o grande perdedor! Você perdeu, Nietzsche; você errou! Há Céu e há Inferno, ao contrário do que afirmavas! – retrucou Hitler.
- Já fiz meu luto de mim mesmo. E isso envolve minha mente, óbvio. Já fiz meu luto de mim mesmo... – disse Nietzsche, suspirando fundo ao final de sua reflexão.
- Vejo que chegamos ao ponto que eu queria! A raiva se destilando nesse debate eterno! Que o ódio fique com vocês – exclamou Satã enquanto se retirava da mesa.
Nisso, uma luz adentrou pela porta e iluminou todo o bar. E o anjo Gabriel, já de cachos brancos, adentrou no recinto e falou:
- Comunicado urgente! Deus está ordenando a transferência de Nietzsche ao Céu.
- Como assim? Ele promoveu o ateísmo e agora vai para o Céu? – perguntou Satã.
- Sim! É que Deus já enviou à Terra o Papa Francisco, que irá liberar o Céu para os ateus. E para que em 2013 não haja tumulto e confusão na transferência, estaremos realizando o procedimento solicitado com a antecedência necessária. Afinal de contas, a maior parte do mundo é ateu em relação ao nosso Deus!









P.S.

Gostaria de responder sua carta
Mas agora de nada adiantaria
Gostaria de lhe dizer que a vida é boa
E que vale a pena ser vivida
Mas talvez eu lhe mentiria

Lamento que seu último abraço
Tenha sido daquela corda
Que realizou seu último desejo


Egoísmo é te querer aqui. 

.




MINHA

Ela joga seu vestido surrado no chão do quarto. Novamente posso ver seu lindo corpo nu.
-- Agora é permitido espalhar roupas pelo chão?  Quando sou eu, você reclama! – digo, só para vê-la encabulada e desmoralizada. Finjo não perceber sua nudez.
O vestido vai para o cesto de roupas sujas, e a autoestima vai para o lixo.

Minha mulher retorna ao quarto, agora toda coberta por um moletom antigo, que já conheço bem. Mando-a tirar a roupa. Seus olhos me fitam, posso jurar que vi um pouco de rancor neles.
-- Vai, tira! Quero te ver nua em cima de mim!       
-- To cansada.
-- Mas eu vou te dar carinho. Vem, vem! Vem que eu vou te encher de carinho!
E eu cumpro a promessa; a acaricio por mais meia hora. Beijo todo o seu corpo, incluindo os hematomas. Tenho prazer em beijá-los.
Minha garota relaxou. Ela foi minha por mais uma noite inteira.

E foi sempre assim minha vida inteira: o que tenho é só meu; o que temo, imponho aos outros.




Cuidado com o cão!
Avisa a placa
Fixada bem no meio do portão

Cuidado com o dono!
Alerta a placa ao lado
Na casa do vizinho
Mais sincero e mais direto

Cuidado com a proximidade
Ambos portões avisam.